O tema
“sustentabilidade” é muito recente para a nossa sociedade. A primeira
conferência mundial sobre meio ambiente foi realizada apenas na década de 1970,
pouco tempo após recebermos as primeiras imagens da Terra – vindas do espaço,
após o lançamento da missão que nos levou a lua -, e nos depararmos com o que
estávamos fazendo com ela.
Eco 92 foi a primeira
vez que efetivamente ouvimos falar em “desenvolvimento sustentável”. De lá para
cá, temos evoluído muito nesse aspecto, ainda que não de forma satisfatória em
sua totalidade. Descobrimos que esse desenvolvimento envolve outras práticas,
como a econômica, social e não apenas o ambiental – o famoso triple bottom
line.
As pessoas estão mais
conscientes. Estão crescendo mais atentas a como e a que custo a empresas
produzem. Segundo um estudo How to speak Z, 92% dos jovens da geração Z
se preocupam com as causas sociais e ambientais. Entre os Millennials – Geração
Y – esse percentual é de 87%.
Diante desse cenário,
com os desafios sociais, ambientais e econômicos enfrentados pelas empresas nos
dias de hoje, a gestão da sustentabilidade deve ser prioritária nas estratégias
de negócios em qualquer segmento. Isso significa que não basta ter apenas
iniciativas em prol de causas, é preciso ter a sustentabilidade na gestão, nas
decisões e nas atitudes do dia a dia.
É nesse momento que entra o Relatório de Sustentabilidade. Enquanto, em sua origem, ele era visto como uma forma de construir confiança e melhorar a reputação, agora é verdadeiramente uma ferramenta estratégica utilizada para apoiar processos de tomada de decisões sustentáveis, estimular o desenvolvimento organizacional, obter melhor desempenho, engajar partes interessadas e atrair investimentos.
Mas o que é o Relatório de Sustentabilidade?
Resumidamente, o relatório é um documento onde as empresas reúnem informações com o objetivo mensurar e divulgar todos os impactos ambientais, econômicos e sociais que suas atividades geram. É a principal ferramenta que as empresas têm para apresentar o seu desempenho à sociedade.
Esse relatório tende a ser muito favorável às organizações. Além de contribuir para melhorar a imagem que o público tem da marca, ele é um importante ponto de partida para o autoconhecimento, ajudando a empresa a detectar pontos positivos e negativos em sua gestão. E tudo isso começa no desenvolvimento da Matriz de Materialidade.
O que é a Matriz de Materialidade?
Materialidade é um
princípio contábil que foi adaptado pela área de sustentabilidade para
identificar os aspectos não-financeiros relevantes para a empresa. Consiste no
processo de conhecimento da organização dos assuntos mais relevantes para ela
conforme a estratégia de negócios e a percepção de impactos dos públicos com
quem se relaciona: os stakeholders.
Estima-se que 80% do
valor de mercado de uma empresa resulta de ativos intangíveis, tais como
reputação, imagem, reconhecimento da marca, relacionamentos, fidelização de
clientes, capacidade de inovação, transparência e governança corporativa,
marcas e patentes e políticas.
O objetivo da análise da materialidade é identificar que aspectos ambientais, sociais e de governança protegem e agregam valor ao negócio. Além de prover a base para o processo de relato, esse estudo pode ser uma ferramenta importante para a priorização de ações e integração das práticas de sustentabilidade à estratégia e gestão das companhias.
Quais são os indicadores e diretrizes mais utilizados?
Uma dúvida comum no
meio corporativo é qual indicador é mais adequado para cada empresa. De modo
geral, todas as ferramentas de relato possuem a finalidade principal de
comunicar de forma transparente as ações, compromissos e metas adotadas. A
principal diferença entre elas está na estrutura, tendo em vista que em cada
uma existem regras orientadas por organizações diferentes, como: IIRC, GRI,
CDP, SASB, ETHOS, IBASE.
Relatório de Sustentabilidade (RS) – Focado na publicação das práticas e ações relacionadas aos principais impactos da empresa, baseado nos pilares do triple bottom line, ambiental, social e econômico. Também aborda temas que sejam prioritários não só para a empresa, mas também para os seus stakeholders.
Balanço Social (BS) – O objetivo principal é comunicar as práticas de uma empresa no contexto da Responsabilidade Social, com uma estrutura variável a partir dos temas adotados pela companhia.
Relatório Integrado (RI) – A principal característica é a ênfase na integração das informações de forma concisa, com foco bem estratégico e orientado para o futuro.
- Aprimora a gestão de riscos socioambientais pela organização e pela sociedade;
- Permite definir melhor estratégias relacionadas à sustentabilidade no âmbito econômico, social e ambiental;
- Melhora o diálogo entre organização e stakeholders, contribuindo para a geração de soluções em comum;
- Integra os departamentos organizacionais promovendo o alinhamento estratégico;
- Proporciona uma maior transparência entre empresa, parceiros e sociedade.
Mesmo que o Relatório de Sustentabilidade não seja uma exigência legal, é aconselhável que todas as empresas, independentemente de seu porte, o emitam anualmente. Isso traz transparência às suas atividades, bem como ressalta o compromisso que têm com seus consumidores e com a sociedade.
Em suma, o Relatório é, sim, um importante instrumento de comunicação e gestão!
Parafraseando Neil Armstrong, o Relatório de Sustentabilidade é um passo para a empresa, mas um grande salto para a humanidade.