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Expo Favela Innovation 2023: confira como foi o evento

expo favela 2023

Nos dias 17,18 e 19 de março aconteceu em São Paulo a primeira edição da Expo Favela Innovation 2023, que promove em vários estados brasileiros o encontro de empreendedores e startups de favelas e periferias com oportunidades do asfalto. Isto é, com investidores que se sintam atraídos pelos projetos para fazê-los crescer.

A Expo Favela contou com palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches de startups de nichos da tecnologia, gastronomia, artesanato, apresentações artísticas, além de iniciativas desenvolvidas com o apoio principal da Central Única das Favelas (CUFA).

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Exposições, stands e camelódromo

O evento se dividiu em andares do WTC Events Center e teve opções de visitação para todos os gostos. Entre os quais se destacaram:

Camelódromo: local específico no evento para o comércio de itens artesanais (roupas, brinquedos, comidas).

Feira do Ballroom: espaço destinado a marcas e empresas no evento (Globo, ifood, Senai..).

Exposição Favela: local destinado a apreciação de fotografias tiradas no dia a dia das comunidades de São Paulo. Um exemplo disso é a icônica foto do condomínio de luxo e da comunidade de Paraisópolis.

Favela Literária: espaço destinado à exposição e venda de livros de autores periféricos e de “sebo literário” com obras gerais.

Museu das Favelas: local temático com frases, fotos e palavras de afirmação que remetem ao cotidiano nas comunidades.

Favela Games: local temático em que os visitantes do evento tiveram acesso a um espaço interativo com fliperamas, exposição de colecionáveis Marvel e DC Comics, além da possibilidade de se divertir com os consoles de diferentes fabricantes.

Expo Favela 2023: palestras

Ao longo dos dias de evento, diversas palestras envolvendo tecnologia, empoderamento feminino, questões raciais e de classe, mídias sociais e comunicação, aconteceram. Entre elas, destacamos:

Participação feminina na Ciência e Tecnologia como Transformação Social na Favela

No painel “Participação Feminina na Ciência e Tecnologia como Transformação Social na Favela”, as lideranças femininas da CUFA (Raissa Jéssica Pereira da Silva, Carliane Ruhmann Pinheiro, Débora Ribeiro, Lua Gomes, Risolane Oliveira e Lilian Souza) de diversos estados brasileiros se reuniram para contar suas vivências e levantar debates quanto à pequena participação feminina no mercado da tecnologia e como ações públicas e privadas podem mudar esse cenário. Além disso, apontaram situações pessoais em que esse contato e participação no meio tecnológico mudaram completamente suas vivências, a de suas comunidades e da juventude ali presente.

Além das redes sociais

Na palestra “Além das redes sociais”, Theo Rocha (META), Kim Farrell (TikTok) e Roger Cipó (empresário e influenciador) trouxeram um bate-papo sobre o papel das redes sociais e do quanto os algoritmos moldam o consumo e impacto na sociedade. Em um dos momentos da conversa, Rocha destacou a importância da inclusão de pessoas pretas e outras minorias nos setores de criação em agências e na área de marketing no geral, para gerar conexões e representações legítimas das pessoas.

Ascensão das narrativas periféricas no audiovisual brasileiro

No painel “Ascensão das narrativas periféricas no audiovisual brasileiro”, promovido pela TV Globo, parceira de mídia da Expo Favela, Lilian Ribeiro (jornalista do Grupo Globo) comandou a conversa que também contou com o escritor e roteirista Paulo Lins (Cidade de Deus), as roteiristas Renata Andrade e Thaís Pontes (autoras da série Encantados) e a atriz Isabel Teixeira. A palestra promoveu o debate sobre a importância do crescimento e da presença da pluralidade narrativa, a partir de uma perspectiva periférica, no audiovisual brasileiro.

O veterano Paulo Lins expôs todo o processo que o levou a construção da obra “Cidade de Deus” e as diferenças entre as aspirações ao contar a perspectiva do negro periférico naquela época e nos tempos atuais. Já Renata Andrade e Tais Pontes, autoras da série “Encantados”, trouxeram a vivência do negro sobre uma outra ótica, nesse caso do humor. Além disso, expuseram que a série tenta mostrar uma problemática muito necessária: todos os negros não têm os mesmos pensamentos, aspirações e sonhos. São seres individuais com particularidades próprias.

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Por fim, a atriz Isabel Teixeira, que recentemente interpretou a personagem Luana em “Falas Negras”, agregou também a sua perspectiva. O papel interpretado por ela na série promoveu o debate acerca da estranheza da branquitude ao processo de ascensão do negro na sociedade e, como isso, colapsa o sistema acostumado a ver as pessoas pretas em locais de subserviência.

Mídias Tradicionais: quais os caminhos para a inclusão de novas narrativas

A palestra contou com mediação de Thelminha Assis, médica e influenciadora digital, promovendo um debate sobre os caminhos para a inclusão de novas narrativas nas mídias tradicionais. Para abordar o tema, Eliane Trindade (jornalista e editora, na Folha de S.Paulo, do Prêmio Empreendedor Social, uma parceria da Folha de S.Paulo e da Fundação Schwab), Amauri Soares (Diretor da TV Globo) e Rodolfo Schneider (Diretor Nacional de Jornalismo do Grupo Bandeirantes) foram os convidados.

O painel do Expo Favela 2023 apontou para a grande relevância e credibilidade da TV aberta e dos grandes veículos para a população geral e sobre o quanto a população periférica consome as produções. Até por isso, a necessidade de trazer pluralidade narrativa para pessoas pretas e periféricas nesses espaços, pois têm vivências e perspectivas diferenciadas sobre os temas comuns. Além disso, a palestra debateu a necessidade de interligar as grandes mídias aos criadores de conteúdo digital que se popularizam mais e mais a cada ano.